terça-feira, dezembro 08, 2009

DUARTE, UM MENINO ESPECIAL

O Duarte é agora um adolescente, conheci-o com quatro anos quando uma infecção veio transformar a sua vida totalmente, um dia corria pela sala e dias depois acordou nos cuidados intensivos e percebeu que a única parte do corpo que conseguia mexer era a cabeça. Recebi-o quando saiu dos cuidados intensivos, não conseguia falar porque a traqueostomia pela qual um ventilador respirava por ele, não lhe permitia falar. Chegou ansioso, agitado e muito assustado. Vinha para um serviço onde não conhecia ninguém e apenas a mão que agarrava a sua lhe era famíliar, a da sua mãe. A mãe foi almoçar e eu prometi ficar sempre com ele até a mãe voltar, era importante ele aprender em confiar em nós. Entretanto ele tentou falar comigo pelo mexer dos lábios, no entanto acompanhava essa linguagem com mil expressões faciais que não facilitavam a interpretação da mensagem e eu tentava adivinhar o que o perturbava... Não consigo imaginar quanto tempo estivemos naquela conversa difícil, para mim e para ele pareceu uma eternidade, mais ainda para ele que tinha uma necessidade urgente de coçar o nariz, que eu tardei a dar resposta. Depois desta primeira aventura muitas outras se seguiram, o Duarte dormia mal e exigia a nossa presença a cada instante, com movimentos de pescoço, conseguia desadaptar a conexão do ventilador, fazendo alarmar de imediato o aparelho, mais tarde,fazia saltar chupeta que tinha uma campainha para nos chamar... Cedo percebeu que tinha de voltar a falar, com a sua força de vontade, começou por um sussurro e pouco a pouco voltou a falar de forma audível.Se vinha para junto ao Duarte uma enfermeira que ele não conhecia, após uma breve apresentação, o Duarte ía explicando cada passo que era necessário para cuidar dele. Desde vestir e despir, ao banho de banheira, à técnica de aspiração de secreções,ao posicionamento... Foi um ano difícil, até ser possível ao Duarte, voltar à sua casa. Teve momentos de revolta, de tristeza, de cansaço, mas nunca ouvi o Duarte pedir alguma coisa que fosse impossível, nunca o ouvi ter pena de si mesmo. O Duarte era um herói para todos os que o conheciam, à hora das mães dos meninos irem jantar, as enfermeiras juntavam os meninos mais crescidos à volta do Duarte e todos assistiam a um filme, atentos aos comentários do Duarte, que já tinha assistido aos filmes dezenas de vezes. O Duarte cativava tanto crianças, como adultos! As despedidas que todos sabíamos ser um até breve, também não foram fáceis, aquele espaço ficou vazio durante dias... No dia que me despedi dele perguntei-lhe o que queria fazer quando fosse grande. Nunca lhe tinha feito esta pergunta, mas naquele dia pareceu-me a altura perfeita e ele olhou para mim, com os olhos brilhantes e disse: _ Quando for grande, quero beber água pela torneira, como o meu mano! Fiquem abismada com aquela resposta e me faz pensar... Quantos de nós não escondem num simples desejo, toda a imensidão de um sonho impossível de realizar?

segunda-feira, novembro 30, 2009

Pai vamos correr a maratona? Porque não?

Esta relação entre Pai e Filho é fantástica! Devemos inspirar-nos nela, quando perante as dificuldades do dia-a-dia, dizemos: _Não consigo! Não sou capaz! Não aguento mais! Todos somos feitos desta força e desta coragem, enquanto uns a desperdiçam para chorar as penas, outros investem cada gota em cumprir as suas missões de vida!

sábado, novembro 07, 2009

AQUI ESTÁ UM HERÓI

Um exemplo de vida, uma vida como exemplo! Qual de nós, não gostaria de ter esta força interior?

domingo, outubro 25, 2009

NÃO RECLAME TANTO! DISFRUTE DO QUE TEM!

Para quem achar que esta vida mete nojo... Para quem achar que ter uma unha negra é uma vergonha... Para quem achar que as dores de cabeça, de dentes ou de intestinos é motivo para se faltar ao emprego... Para quem achar que uma deficiência é não conseguir..... (coisa e tal)... ENTÃO VEJAM LÁ ISTO E DIGAM-ME QUE O VOSSO DIA É HORRÍVEL.....ou NEM TANTO... Ele começa o dia com um sorriso!

terça-feira, agosto 25, 2009

Dança em Cadeira de Rodas

Estamos a perder a oportunidade de explorar as artes no caminho da reabilitação, não concordam?

quarta-feira, agosto 05, 2009

Precisa-se de matéria prima para construir um País

Eduardo Prado Coelho, antes de falecer (25/08/2007), teve a lucidez de nos deixar esta reflexão, sobre nós todos, por isso façam uma leitura atenta. Precisa-se de matéria prima para construir um País Eduardo Prado Coelho - in Público A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO. Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país: -Onde a falta de pontualidade é um hábito; -Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. -Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos. -Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. -Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. -Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns. Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame. -Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar. -Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. -Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta. Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa. Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte... Fico triste. Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier. Qual é a alternativa ? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados ! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias. Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos: Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO. E você, o que pensa ?... MEDITE !

sexta-feira, junho 19, 2009

A NECESSIDADE AGUÇA O ENGENHO

Em tempos de necessidade, o continente africano tem recebido enumeras manifestações de solidariedade, sob a forma de alimentos, roupas e principalmente preservativos. Como a necessidade aguça o engenho as crianças encontraram uma forma construir os brinquedos! Aqui está um vídeo fantástico sobre a capacidade de encarar a vida com humor, apesar das dificuldades.

quarta-feira, maio 20, 2009

A GENTE VAI CONTINUAR...

a gente vai continuar

Composição: Jorge Palma

Tira a mão do queixo não penses mais nisso 

O que lá vai já deu o que tinha a dar 

Quem ganhou ganhou e usou-se disso 

Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar 

E enquanto alguns fazem figura 

Outros sucumbem á batota 

Chega a onde tu quiseres 

Mas goza bem a tua rota 

Enquanto houver estrada pra andar 

A gente vai continuar 

Enquanto houver estrada pra andar 

Enquanto houver ventos e mar 

A gente não vai parar 

Enquanto houver ventos e mar 

Todos nós pagamos por tudo o que usamos 

O sistema é antigo e não poupa ninguém 

Somos todos escravos do que precisamos

 Reduz as necessidades se queres passar bem

 Que a dependência é uma besta 

Que dá cabo do desejo 

A liberdade é uma maluca 

Que sabe quanto vale um beijo

sexta-feira, maio 01, 2009

HOMEM TRABALHA MAIS UMA SEMANA

Homem morto trabalha por uma semana (Noticia do New York Times)
Os Gerentes de uma Editora estão tentando descobrir, porque ninguém notou que um dos seus empregados estava morto, sentado à sua mesa há CINCO DIAS. George Turklebaum, 51 anos, que trabalhava como Verificador de Texto numa firma de Nova Iorque há 30 anos, sofreu um ataque cardíaco no andar onde trabalhava (OpenOffice Office space, sem divisórias) com outros 23 funcionários. A autópsia revelou que ele estava morto há cinco dias, depois de um ataque cardíaco. Quantas pessoas passam pela nossa vida sem deixar marcas? No fim de um dia de trabalho, quantos rostos conseguimos recordar? Do empregado que nos serviu o café? Do rapaz que nos vendeu o bilhete do cinema? Da menina da caixa do hipermercado? Rostos anónimos que nos tornam o dia mais agradável, nos ajudam...Mas que é tão normal estarem ali que nem reparamos se estão bem ou mal humorados, doentes ou com saúde... Habituámo-nos a ver o global, o geral, o todo e esquecemo-nos das partes. Os nossos olhos passeiam pelo aglomerado com o mesmo desinteresse que olhamos para o jornal de ontem...O nosso pensamento está longe dali...A correria diária nem nos deixa tempo, nem vontade para nos preocuparmos com o nosso semelhante. Esta notícia deixou-me a pensar naquele homem que vivia para o trabalho, decerto pensava que era uma peça imprescindível na editora onde revisava textos, até que um dia deixou de o fazer, mas como estava no seu local de trabalho, ninguém deu pela falta do seu trabalho... Se tivesse faltado, decerto teriam ligado para sua casa para saber da justificação pela sua ausência e se calhar a sua morte teria sido percebida mais rapidamente. Morreu sozinho num escritório com 23 colegas que são apenas mais 23 peças da linha de montagem, apenas se preocupavam em fazer o seu trabalho e chegado o fim da jornada de trabalho, levantam-se e saem atirando, quem sabe, por cima do ombro um:"Até amanhã", que não espera resposta. É isto que queremos fazer com as nossas vidas?

segunda-feira, abril 27, 2009

Burnout e os Enfermeiros

Segundo a psicóloga Alaide Degani de Cantone, "o Síndrome de Burnout é definido como uma reacção à tensão emocional crónica gerada a partir do contacto directo, excessivo e stressante com o trabalho. É caracterizado pela ausência de motivação ou desinteresse; mal-estar interno ou insatisfação ocupacional que parece prejudicar, em maior ou menor grau, a actuação profissional de alguma categoria ou grupo profissional.Entre os factores aparentemente associados ao desenvolvimento do Síndrome de Burnout destaca-se a pouca autonomia no desempenho profissional, problemas de relacionamento com os superiores, problemas de relacionamento com colegas ou clientes, conflito entre trabalho e família, sentimento de desqualificação e falta de cooperação da equipa." Sabia que..."Um em cada quatro enfermeiros sofre de Síndrome de Burnout"? Dá que pensar, não dá?

terça-feira, abril 07, 2009

Tetraplégico Por Um Dia

Hoje no centro de reabilitação no qual trabalho como enfermeira fui surpreendida por um aviso que dava conta de uma iniciativa que parece ter partido de um doente, que nos propunha por algumas horas em determinado dia realizar algumas actividades de vida diária como se sofressemos de tetraplégia. Ao que parece a iniciativa pretende que nos coloquemos na pele de um Tetraplégico. O prémio, aliciante por sinal, vai para quem desempenhar melhor o papel! Colocar-me na pele de um tetraplégico? Mas de que tetraplégico? Com lesão a que nível? Consegue falar? Consegue respirar sem ajuda? Consegue comer sem ajuda? … Estas questões o aviso não dizia, mas eu entendi, o doente que teve a ideia não pensou em todos os tipos de tetraplégicos diferentes que existem, não pensou em quantas pessoas sofrem deste problema, o concurso é para saber quem é capaz de se colocar no Seu Lugar. Pois sinceramente lhe digo, após reflectir muito sobre esta competição, nunca, jamais, em tempo algum, seria capaz de me colocar no seu lugar, porque a tetraplégia não é um problema que se resume à incapacidade física e à dependência física dos outros. É perder o direito à privacidade, é perder o direito a estar sozinho sem medo, é perder o direito à autonomia, é perder os amigos que julgávamos ter, é perder a vida social tal como a vivíamos, é ter sempre alguém a opinar sobre a nossa vida, é revoltarmo-nos com quem mais nos ama no mundo, é sentir-se impotente perante o sol, a chuva, o vento ou o ar condicionado… Jamais poderei colocar-me no seu lugar sem pensar que jamais poderei alcançar toda a dimensão do que a tetraplégia representa para si e tal é o respeito que sinto por si, que nunca o vou tentar fazer. Se um destes dias mais difíceis, quiser falar comigo sobre tudo o que está a viver, eu vou perguntar em que medida posso tornar os seus dias menos difíceis, menos penosos, eu estarei aqui com toda a disponibilidade para o ouvir e ajudar. E vou guardar essa informação para poder ajudar outras pessoas em situação idêntica à sua, mas não vejo de modo algum como esta experiência física de andar de cadeira de rodas pode resumir tudo o que passa na vida de um tetraplégico. É esta a diferença entre o enfermeiro e outros técnicos de saúde, o enfermeiro não vê só a parte física do doente, vê o ser humano em todas as suas dimensões.

terça-feira, março 31, 2009

GREVE DOS ENFERMEIROS

Utentes dos Serviços de Saúde:
Os Enfermeiros nos dias 2 e 3 de Abril de 2009, vão fazer greve.
Por favor não pensem que é porque não gostamos de trabalhar... Que não temos respeito pelos doentes que estão a sofrer... Enfim que somos maus enfermeiros porque fazemos greve.
Por favor tentem entender o nosso ponto de vista.
Antigamente os enfermeiros eram poucos para muito trabalho, mas a nossa profissão recebia da sociedade e dos nossos governantes um reconhecimento pelo trabalho que se fazia, a profissão evoluiu aos poucos, começámos a estudar para cuidar das pessoas com mais qualidade, começámos a tentar fazer mais e melhor. Já não éramos só os ajudantes do Sr. Doutor, e quem dava injecções! Passámos a cuidar de cada doente como único, a saber a história do doente para perceber os seus medos... Começámos a recolher informações em cada conversa com o doente que encaminhava ao médico, à assistente social, à família...
O Enfermeiro passou nos seus turnos a servir de apoio ao médico e a toda a equipa de saúde do doente, queremos que o doente ao regressar a casa após um internamento, tenha melhores condições, que a familia consiga cuidar do seu familiar em convalescença, que cada familia se sinta apoiada nas suas dificuldades. Sobretudo queremos que os cuidados de enfermagem sejam mais humanos.
Mas se eu hoje perguntar a cada utente dos serviços de saúde, o que faz um enfermeiro...quase de certeza vou ouvir a mesma frase que ouvia há trinta anos atrás.
E o pior é que os nossos governantes também não reconhecem, nem distinguem a complexidade do exercicio da enfermagem. Querem cada vez mais enfermeiros a olhar para computadores e distanciados dos doentes, fácilmente reduzem o número de enfermeiros/serviço, independentemente dos cuidados que os doentes necessitam, porque as escalas de classificação de dependência dos doentes estão reduzidas a cuidados fisicos e não contabilizam o tempo necessário para dar apoio emocional a um doente a quem o cabelo cai depois de mais um ciclo de quimioterapia, ou a um pai que está a ver partir o seu filho, ou a uma mãe em pânico porque não sabe lidar com a diferença do seu filho ou a um idoso que desespera pelos familiares que não chegam, ou a um jovem que acorda do coma e não consegue mexer o seu corpo...
Desculpem, mas não consigo deixar de sentir revolta quando vejo a profissão que escolhi a ser desrespeitada por todos tão levianamente.
Os enfermeiros são os profissionais que estão convosco 24horas por dia!
Por vezes, independentemente da nossa vontade, levamos as vossas histórias no nosso pensamento para casa, nas férias telefonamos para o serviço e é impossível não nos lembrarmos de perguntar por vocês!
Eu vejo a minha profissão como um grupo de gente que cuida de gente e que desespera por alguém que cuide deles!
Se não fizermos greve agora, o enfermeiro vai deixar de sentir motivação para investir na carreira, porque para ser reconhecido na nova competência adquirida, vai demorar muitos anos, muitos concursos, muitas provas... Tudo isto porque fica mais barato!
Será que a próxima medida será pagar aos médicos especialistas os mesmo que pagam a um médico sem especialidade?
Espero, caros Utentes que entendam e respeitem a nossa luta!
Obrigado!

terça-feira, março 10, 2009

Cuidados de Enfermagem de Qualidade? É MESMO ISSO QUE QUEREMOS?

Nós Enfermeiros estamos numa luta desigual contra uma onda de mudança que parece que não vai parar! A mudança nem sempre é má, poderiamos divagar sobre o assunto...
Podem pensar: Lá estão os enfermeiros a falar de barriga cheia... Ganham bem, não têm falta de trabalho, mas são uns eternos insatisfeitos...
Pois tudo seria bom, se não fossem ideias erradas e desfazadas da realidade!
1º Os enfermeiros não ganham bem, principalmente os que fazem horários fixos, auferem um ordenado inferior ao ordenado base que lhe está destinado;
2º Os enfermeiros têm congeladas as suas progressões nos escalões, assim como o seu poder de compra;
3º Os enfermeiros que não se queixam de ordenados baixos, são os enfermeiros que além de um emprego têm a sorte de acumular dois ou três part-time, quer em clinicas privadas, quer em actividades formativas, ou outras...
4º Dos enfermeiros que saiem hoje das escolas, diria que mais de 50%estão no desemprego e a ser pressionados a fazer estágios profissionais ou actividades de voluntariado, sem receber daí dividendos monetários;
5º O que a Srª Ministra nos quer propor é uma progressão na carreira de 5em 5anos, se, e só se o orçamento da instituição o permitir;
6º Enfermeiros que investiram numa especialidade, veêm esse investimento traduzido em mais capacidades e potencialidades profissionais mas em termos de ordenado, o que os espera é o mesmo salário até conseguirem chegar ao lugar de Enfermeiro Principal, por concurso;
7ºNa verdade pouco distingue depois o lugar de especialita e o de enfermeiro-chefe;
O futuro que nos espera, enfermeiros e doentes que necessitam dos nossos cuidados,são cuidados de enfermagem desempenhados por auxiliares de enfermagem(que já estão a ser formados por enfermeiros) e supervisionados por um enfermeiro que passa a ser responsabilizado pelas tarefas desempenhadas por outros. Um enfermeiro que desempenha a sua função à frente de um computador e não toca no doente, não olha para o doente, mas regista que realizou funções que apenas delegou!
Srs Enfermeiros, sei que não somos únidos, mas talvez tenha chegado o Momento de escolher em que direcção vamos levar a nossa profissão!
Ordem, ou sindicato, enfermeiro, enfermeiro graduado, enfermeiro-especialista, enfermeiro-chefe, enfermeiro-supervisor ou enfermeiro-director...
SOMOS TODOS ENFERMEIROS!
TEMOS COMO LEMA...SABER, SABER SER, SABER ESTAR, SABER FAZER E ACIMA DE TUDO AMAR!
POR AMOR DE DEUS NÃO MATEM A ENFERMAGEM!

sexta-feira, janeiro 16, 2009

STRESS PROFISSIONAL

Eu trabalho num Centro de Reabilitação Fisica, cuido de pessoas que por vitima de acidentes ou doenças sofreram lesões medulares que limitam sériamente a sua mobilidade. Os doentes de manhã após o levante iniciam os treinos de se auto-cuidarem de forma mais autónoma, cada um no seu ritmo, porque cada caso é um caso... No entanto os doentes têm a ideia que esta parte da sua reabilitação não é muito importante, que no ginásio fazendo exercicios e mobilizações é a parte essencial do seu programa de reabilitação. Apesar de termos internamentos exclusivamente para treinos de actividades de vida diária. no início deste Novo Ano apareceu um plano de horários a implementar de modo a termos doentes a sairem do internamento ás 09h, dando assim razão aos doentes e reforçando desta forma a urgência de ir rapidamente para o ginásio. O Stress que se vive entre enfermeiros,auxiliares,doentes, prestadores de cuidados...é de tal ordem que as palavras que mais se ouvem nos quartos é rápido! já lá devia estar... ainda não está pronto? Um dia destes um doente acordou muito desorientado ás cinco da manhã e as palavras que dizia eram: _Depressa, depressa! _Lave-me depressa! _Tenho de comer depressa! _Depressa, depressa, depressa, a carrinha vai embora e já não me leva para o ginásio! Enfim, palavras para quê? Enquanto houver uma incoerência tal entre ordens e conhecimento da realidade, não vamos lá...Seja aonde for!